OLGA E NÓS, A LUTA POR UMA MORTE DIGNA



Ao longo de minha luta no Rio de Janeiro em defesa dos Bombeiros e Policiais Militares para que conquistassem adequadas condições de trabalho e salários dignos, eu aumentei muito os meus amigos no Corpo de Bombeiros Militar, minha amada corporação e conquistei novos amigos na Polícia Militar, corporação que sofre tanto quanto a nossa.
Um dos amigos que conquistei na Polícia Militar vem enfrentando uma fase difícil, pois além de problemas de saúde envolvendo seus familiares, a cadelinha Olga, uma SRD, vem enfrentado a pior das doenças, a qual atingiu exatamente a sua boca, dificultando sobremaneira a indispensável alimentação e ingestão de líquidos.
Meu amigo contou que Olga está com eles há mais de quinze anos, viu seu filho se transformar de um menino em um homem, sendo companheira inseparável da família em todos os momentos e em especial, uma parceira de seu filho único.
O tempo passou, ela envelheceu e embora continue alegre e carinhosa, sofre com as dificuldades impostas pela doença.
Nos últimos dias o sofrimento tem aumentado, primeiro em face da cirurgia para realizar a biópsia, que teve o resultado pior possível e recentemente em razão das sessões de radioterapia, para a diminuição do tumor.
Eles lutam uma luta perdida, todos sabem disso, mas querem garantir a velha companheira, a melhor qualidade de vida nesses  últimos meses que estará entre eles.
Percebo a dor e lembro das pessoas covardes, desumanas que maltratam os animais.
Com maltratar um animal doméstico que só quer um afago, um pouco de comida e água, devolvendo em troca um amor abundante e incondicional?
Pior, existem seres "humanos" que maltratam os animais.
Eu me assusto, mas lembro que existem seres "humanos" que maltratam seres humanos, alguns tão indefesos como nossos animais domésticos.
Monstros que maltratam pessoas de idade avançada que estão jogadas em abrigos e casas de saúde espalhadas por aí, sem a devida fiscalização por parte dos governantes, abandonadas pela família ou que nem mais família possuem.
Monstros que no exercício de funções públicas maltratam seres humanos os deixando sofrer em filas de hospitais públicos, jogados em macas colocadas em corredores e morrendo sem um mínimo de dignidade por falta do tratamento médico adequado.
A luta de Olga está perdida, mas ela morrerá com dignidade, tendo ao seu lado até o último momento seus donos, porque não dizer seus familiares, dando carinho e o conforto que for possível.
Pensei em ilustrar esse artigo com uma foto de Olga, mas a deformidade chocaria e não traria nenhum benefício.
Hoje eu não luto só pelos Bombeiros e Policiais Militares, luto por todas as categorias do serviço público, luto pela sofrida população do Rio de Janeiro e luto todas as lutas que considero justas e uma das que encampei foi a luta em defesa dos animais.
Meu gabinete está aberto para receber a todos e a todas.
Tenho a esperança que um dia, assim como a cadelinha Olga, os seres humanos possam ser tratados com humanidade pelos governantes, recebendo a saúde pública que merecem e que precisam.
A luta da família do meu amigo para ajudar Olga me fez lembrar do famoso "Marley e Eu" e resolvi ilustrar o artigo com uma foto de Marley, celebrando não a morte, mas a vida..
Isso inspirou também o título:
"Olga e nós, a luta por uma morte digna".
Força meu amigo. 
Força Olga.