CRACOLÂNDIA DA MARÉ: PODER PÚBLICO AUSENTE HÁ TRÊS ANOS.

Cracolândia, até quando o poder público vai continuar omisso?



"SITE 247 
Cracolândia na Maré: Poder Público Ausente Há Três Anos 
Por Thaís Cavalcante, para o Rio On Watch 
O poder público está se mostrando incapaz de encarar um enorme e desafiador problema de saúde pública: o vício em drogas. Atualmente na Nova Holanda, uma das 16 favelas da Maré, a negligência dos governos estadual e municipal têm resultado na maior cracolândia do Rio de Janeiro, com cerca de 500 usuários de crack. 
A visibilidade do assunto graças à notícias sensacionalistas no ano passado mostravam diariamente usuários em clima de perseguição, usando a droga ou fugindo de ações de recolhimento da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS). Serviu como forma de denunciar e chocar a população a respeito dos dependentes que se agrupavam as margens da Avenida Brasil. Um dos motivos usados por grandes veículos de comunicação para criminalizá-los, foi culpá-los por roubos, assaltos e até estupros, próximos ao local. 
Com denúncia midiática e operações de recolhimento, a Prefeitura do Rio colocou em 2013 uma viatura da PM e da Guarda Municipal por 24 horas no local, como forma de oprimir e impedir a volta dos usuários que ficaram próximos à entrada do Parque União. O controle não durou por muito tempo, pois fez a cracolândia migrar para dentro da Maré após a ocupação da polícia nas favelas de Manguinhos e Jacarezinho, onde os usuários de drogas (entre eles homens, crianças, grávidas e idosos) se concentravam. 
Operações foram uma forma falha de lidar com a situação desumana e incompreensível. Um exemplo disso foi em janeiro de 2013, quando uma criança de 10 anos morreu atropelada na Avenida Brasil, quando fugia de agentes da Polícia Militar e da SMAS que realizavam uma operação de recolhimento. Diversas mortes como essa passam em branco porque não há interesse em cobrir aqueles que se esconderam dentro do conjunto de favelas da Maré mas existem e sofrem todos os dias. 
O Brasil, maior país consumidor de crack do mundo, segundo estudo da Universidade Federal de São Paulo (UFSP), lida com isso como caso de segurança pública, e não de saúde pública. A atuação de operações e mega operações feitas por agentes de saúde e policiais acontece de forma arbitrária, com detenção, prisão e até internação involuntária–ações autorizadas pela Assistência Social e a Vara da Infância e Juventude. Os usuários de droga menores de idade recolhidos são encaminhados compulsoriamente para tratamento em abrigos municipais. E adultos, para Centros de Atenção Psicossocial, ambos privados de liberdade de escolha (Leiam mais)".