O rio esquecido - Gretiza/ Águia de Ouro
Durante a última campanha eleitoral, quando concorria ao cargo de vice-governador, tive a oportunidade de conhecer a Comunidade Águia de Ouro (antigo rato molhado) e a sua vizinha Gretiza.
A Comunidade está localizada a alguns metros do Norte Shopping, Nova América e Wall Mart, separada da Comunidade do Guarda pela linha Amarela e delimitada pelo Cemitério de Inhaúma e Avenida Pastor Martin Luther King (antiga Automóvel Clube).
Essa semana voltei por lá e a impressão ruim que tinha se transformou em péssima. Nasci num berço de ouro, nunca passei fome, sempre tive acesso a educação, lazer e cultura, claro que tudo dentro das limitações impostas pela remuneração do meu pai, um servidor público militar da União, mas, a cada dia, me convenço de que nasci num berço de ouro.
A Gretiza nasceu a mais de uma década, quando ocorreu a ocupação das instalações de uma fábrica. Escritórios, estacionamento, depósitos, galpões, e até o porão, foram gradativamente convertidos em moradia.
Sem acesso a água, esgoto ou luz, os moradores foram adaptando ligações clandestinas e possibilitando condições indignas de sobrevivência. Esgoto e lixo transformam as estreitas vielas em cenas de filme de terror que se completam com a inimaginável visão de hordas de crianças brincando descalças numa terra sem lei e sem Estado.
Para além das questões de saúde pública, o comprometimento da segurança das pessoas é evidente. Sem telhados, com colunas deterioradas e expostas as intempéries, rachaduras e infiltrações por todo o lado, não é necessário ter um diploma de engenharia para concluir pela insegurança do local, mas se isso não for suficiente para se chegar a essa conclusão, basta recuperar o registro na defesa civil da queda de uma viga de ferro do telhado de alguns anos atrás, por muito pouco o acidente não matou uma moradora.
Será que a prefeitura ainda não viu isso?
Porque não toma uma providência?