Distante dos holofotes, a nada mole vida da cidade olímpica: moradores no entorno do Parque de Madureira carregam lata d´água na cabeça.

População reclama do abastecimento de água interrompido há cerca de três meses. Porém, a cobrança do serviço continua chegando com regularidade.
Três meses, nada menos do que três meses. Este é o tempo que os moradores da Rua Souza Caldas, em Osvaldo Cruz, na Zona Norte do Rio, vêm sofrendo com a interrupção de um serviço essencial: a água. O local fica a poucos metros do Parque de Madureira, uma das principais atrações turísticas da cidade. Apesar das torneiras secas, a Cedae continua enviando as contas às residências. A população da região organizou um abaixo-assinado como forma de protesto e pretende enviar o documento, que já conta com quase 50 assinaturas, a concessionária nos próximos dias.
Segundo moradores, uma equipe da Cedae esteve na última quarta-feira (17/8) no local para fazer reparo em uma tubulação. No entanto, os agentes perfuraram o asfalto e foram embora deixando um enorme buraco aberto na via. "Eles [funcionários da Cedae] disseram que o problema está nas tubulações velhas e não dá para resolver tudo de uma vez. Abriram um buraco e foram embora sem qualquer previsão de retorno ou de normalização no abastecimento", disse um morador que pediu para não ser identificado. Ele comentou ainda que está pagando, por mês, R$ 65 de conta d´água. "Eu moro com uma pessoa idosa, é um sacrifício enorme buscar água no poço da vizinha, todos os dias", acrescentou.

Iran Ferreira de Vasconcelos, de 51 anos, reclama que com a deficiência no serviço é obrigado a enfrentar cerca de 600 metros de caminhada em uma rua íngreme, carregando baldes cheios. “É lata d´água na cabeça. Estou tendo que me virar para tomar banho e lavar louças, fazer o que? Três meses neste sofrimento. A gente liga para a Cedae e eles dizem que já foi resolvido [o problema]”, diz o morador. Já Marcelo de Oliveira Carvalho, de 42 anos, conta que está passando “um sufoco” para realizar as tarefas domésticas. “Somo sete pessoas aqui em casa. Estamos com as roupas sujas, é difícil cuidar das crianças sem água. Imagina isso? Sem contar que para beber e fazer comida temos que comprar água mineral, o que gera uma despesa a mais no bolso”, reclama ele.
O gabinete do vereador Márcio Garcia entrou em contato com a Cedae para buscar explicações acerca dos fatos relatados pela população de Osvaldo Cruz. Até a publicação desta matéria não havia nenhum retorno da empresa.