Manifestantes detidos na reintegração de posse da Câmara são liberados.



Os três detidos durante a reintegração de posse da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro foram liberados, no fim da madrugada desta domingo, segundo informações da 5ª DP (Mem de Sá). A reintegração da Casa, realizada por policiais militares, resultou em tumulto nesta madrugada. Com a ajuda do Batalhão de Choque, agentes estiveram no local para remover os professores em greve que ocupavam o Palácio Pedro Ernesto desde a quinta-feira. Durante o conflito, três pessoas foram detidas. Entre elas, um professor que seria cardíaco e que teria desmaiado após ser acertado por um teasear (arma de choque elétrico).

As prisões mobilizaram os manifestantes, que foram até a 5ª DP (Mém de Sá) pedir a liberação dos detidos, o que ocorreu na madrugada. Os manifestantes que estavam então na Rua Gomes Freire, em frente à delegacia, se dispersaram e liberaram a via.

O advogado da OAB Mário Pirana foi ao local para garantir as condições de trabalho dos advogados do Sindicato dos Profissionais de Ensino do Estado do Rio (Sepe) e pedir para que os feridos acompanhassem os advogados da ordem até algum hospital para conseguir um laudo médico que atestasse as violências sofridas.

Cerca de 20 manifestantes foram ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, para serem socorridos e fazerem boletins de atendimento médicos (BAM), após serem feridas durante a reintegração de posse da Câmara. Entretanto, segundo Rodrigo Mondego, advogado membro da Comissão de Direitos Humanos, muitas pessoas feridas preferiram voltar para casa ou seguir protestando em frente à 5ª DP.

O BAM é o primeiro passo para a efetuação de um exame de corpo de delito, necessário para as denúncias de violência policial. O biólogo Pedro Mattos era um dos feridos que estava no local aguardando o atendimento de uma amigo, que fora ferido pela mesma bomba que o atingiu, para voltar à 5ª DP com seu boletim. De acordo com Pedro, uma bomba de efeito moral foi responsável pelos ferimentos em suas pernas e por se sentir temporariamente surdo e cego.

— Estávamos fazendo um cordão humano na porta (da Câmara) enquanto policiais do Choque vieram em nossa direção. Os manifestantes sentaram no chão e os policias começaram a jogar spray de pimenta. Depois disso, vi um rojão que pareceu ser disparado pelos PMs. Então começaram as explosões de bombas e tiros de balas de borracha - contou.

Já o professor Felipe, que preferiu não dar o sobrenome, contou que foi agredido por policiais na escada do Palácio Pedro Ernesto.

— Foi um massacre! Levei soco e gás de pimenta na cara. Também vi gente sendo enforcada por policiais.
Ainda de acordo com o professor, os policiais não apresentaram nenhum documento legal para efetuar a reintegração de posse. A Polícia Militar informou, através de nota, que tentou “uma forma de entendimento, mas não houve acordo e a PM cumpriu a determinação da Justiça”. Ainda segundo a nota, a reintegração de posse e a retirada dos professores que ocupavam o Palácio Pedro Ernesto desde a última 5ª feira foi solicitada pelo presidente da Câmara dos Vereadores, Jorge Felippe (PMDB).

Pedido de urgência permanece

O líder do governo na Câmara, Luiz Guaraná, afirmou que não existe possibilidade de o prefeito Eduardo Paes remover o pedido de urgência para o projeto do plano de cargos e salários dos professores. Guaraná disse que apresentará na segunda-feira as as emendas do governo ao Sepe, caso todos os autores concordem. O vereador alegou que a ocupação do Sepe é política e visa a desgastar o prefeito.

- O projeto foi enviado para a Câmara com urgência justamente após acordo com o Sepe. O Parlamento é um lugar de debate. Há dez dias, não houve qualquer proposta concreta do Sepe. Não é impedindo o Parlamento de funcionar que a situação será resolvida - afirmou Guaraná.

A Casa estava ocupada desde quinta-feira em protesto ao pedido de urgência de tramitação de um novo plano de cargos e salários da categoria. Segundo o coordenador do Sepe, Alex Trentino, cerca de 180 manifestantes estavam no interior do Palácio Pedro Ernesto. Eles estavam abastecidos com água e comida, que chegavam a eles através de um elevador improvisado em um balde.

A assessoria da Câmara esclareceu ainda que não era necessário um novo mandado de reintegração de posse para a retirada dos manifestantes. Isso porque, segundo a Casa, quando o Legislativo foi ocupado por populares, que protestavam contra a composição da CPI dos Ônibus, a Justiça entendeu que a desocupação era autoaplicável, não dependendo do Tribunal de Justiça.

Fonte: O Globo

Lamentável a atitude e o tratamento que os professores receberam. Eles só estavam pedindo respeito e dignidade a uma classe esquecida pelos governantes.