A TV GLOBO E A DIFERENÇA ENTRE OS MORTOS

 

 Homens e mulheres do bem de todo mundo lutam para diminuir a desigualdade social entre os seres humanos.
Uma luta desenvolvida através de ações filantrópicas, isso na maioria das vezes, pois os governantes pouco ou nada fazem, apesar de serem os grandes responsáveis por promover essas mudanças.
No Brasil os governantes preferem não investir na educação, o caminho para promover a igualdade, pois preferem distribuir doações em dinheiro que acabam escravizando o povo na desigualdade e criando verdadeiros currais eleitorais através da doação do nosso dinheiro.
A desigualdade ocorre até onde parecia ocorrer igualdade, como no caso das duas pessoas assassinadas no Pavão-Pavãozinho.
Ambos eram pobres.
Um apresentava problemas na saúde mental, como a imprensa noticiou. Sua morte foi praticamente esquecida pela imprensa. Outro era dançarino de um programa da T V Globo e pode ter envolvimento com os traficantes locais, como a imprensa também noticiou. A morte do dançarino está tendo uma repercussão extraordinária, só porque ele trabalhava na Globo, certamente.
Pensem sobre isso e leia uma matéria que trata do tema.
Jornal do Brasil
25/04 às 11h36 - Atualizada em 25/04 às 13h12
As mortes de prestígio e as mortes sem prestígio
As circunstâncias da morte do dançarino Douglas, que trabalhava em grande empresa de comunicação, tem recebido acusações pesadas. Evidenciadas pela forte mobilização midiática, estas circunstâncias são alvo de graves denúncias por parte dos familiares de Douglas, que acusam e colocam em dúvida para 80 milhões de telespectadores o comportamento das polícias militares e civis.
As autoridades têm dado ao caso assistência e atenção próprias de homens responsáveis pela segurança e pelos direitos humanos.
Na morte de Douglas houve protestos, incêndios e depredações. A polícia reagiu contra os apontados como homens do banditismo ligados à droga.
Protesto após o enterro do corpo de Douglas
Assistimos à reação por parte do povo e à reação por parte da polícia. Reações bem diferentes da dada em solidariedade ao outro morto no episódio no Pavão-Pavãozinho, Edilson da Silva dos Santos, que até agora ninguém quer saber como e por que morreu. O que nós sabemos é que este não tem padrinho.
Como não tinha também Amarildo, cujo corpo até hoje não apareceu e seu desaparecimento, na Rocinha, só começou a ser apurado após inúmeros protestos dos moradores da comunidade. Como não tinha também Claudia, baleada e arrastada por uma viatura da polícia, caso que só veio à tona porque foi filmado por um motorista que passava no local na hora. Ou ainda a menina Maria Eduarda da Silva, de 12 anos, vítima de bala perdida na favela Para Pedro.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que para se chegar aos culpados pela morte de Douglas "cortará na carne", se for preciso. E quantas carnes já foram cortadas com as inúmeras mortes sem solução que o Rio assiste?
Mas a diferença na forma de tratamento permite aos que pensam e aos 80 milhões de telespectadores perceber que é clara a discriminação de uma população. Como aliás diz hoje o jornal El Pais, no artigo Brasil vive uma crise de segurança há dois meses do Mundial: as autoridades tratam esta comunidade como "cidadãos de segunda".
E agora, podemos afirmar que os que não têm padrinho são "cidadãos de terceira".